quarta-feira, janeiro 25, 2006

soneto da fidelidade, Vinicius de Moraes














A persistência da memória, de Salvador Dali

De tudo, ao meu amor serei atento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Cada vez acredito mais que o amor é infinito enquanto dura.
É como se as pessoas já não conseguissem manter laços.
As relações são cada vez mais frágeis.
Aquela frase de se estar juntos na vida e na doença, nas alegrias e na adversidade está a ficar obsoleta e é pena...Contudo, mais vale viver um grande amor, mesmo que temporário, que ficar resguardado das próprias emoções...

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